27 setembro 2012

Maná


Hoje penso que o  bom da vida não é ter o que fazer, mas como  fazer.
Ter o que fazer é inerente à própria vida.
Ou será que alguém imagina que não tem o que fazer?
Mas muito mais que ficar pensando ou buscando respostas sobre o que deveria ou não ser feito, percebo que as pessoas que se sentem felizes, as que aparentemente têm mais energia e estão de bem com vida, são aquelas que vivem um dia de cada vez. No presente.
Realizando as pequenas, grandes, inúmeras ou poucas tarefas que lhe foram confiadas.
Tomei para mim o principal ditado dos AA (Alcoólicos Anônimos): um dia de cada vez.
O foco é aquele único dia. A quantidade de energia, de sono, de ânimo, de tudo o que necessito para aquele dia. Sem, nem por um instante, pensar que haverá um outro dia, ou que já houve muitos que não deram certo.Ou nas infinitas possibilidades que cercam meu destino.
O passado passou. O futuro não me pertence. Tenho apenas o hoje.
A vida me deu bastantes razão para crer que estamos no lugar certo, na hora certa.
E quando não for mais a hora de eu estar aqui, ou de estar realizando determinada tarefa, o Universo se incumbirá de fazer a mudança. E Ele faz!
Sem alvoroço, ansiedade ou atrasos. Na hora exata.
Desse modo a minha preocupação deixa de ser com "O quê eu vou fazer?" e passa a ser: em "Como vou fazer?".
Como aprimorar meu trabalho. A qualidade do que faço. Meus estudos. Minhas leituras. A música que ouço. Aquilo que como e de que forma eu como. Meus relacionamentos,sejam eles quais forem.
Posso ter uma rotina medíocre e achar que minha capacidade vai muito além. Tenho certeza que sim - nossas vidas são medíocres e nossa capacidade ilimitada- Mas não vamos nos preocupar com isso agora.
Apenas faça aquilo que lhe compete fazer neste exato momento da sua vida.
É um trabalho de estar desperto. De pôr atenção neste meu dia. Pois é o único que tenho.
Amanhã recomeço. Tudo de novo.
Um dia de cada vez.
Às vezes, quando o cansaço ou o esgotamento físico ou emocional é muito grande esse é o único modo de continuar vivendo. E, de repente, descobrimos que é o melhor modo. Coisa que pessoas muito simples e sem grandes oportunidades já descobriram faz tempo.

Complicada


Penso que sou complicada.
E alguém me disse mesmo que sou.
Achei que era ruim ser assim.
Quase como que um defeito de nascença,
uma deficiência ou esquizofrenia.
Depois pensei melhor.
Olhei no dicionário, está lá:
"Complicado = adj.; composto de grande número de peças; complexo; trabalhoso"
Desconfio de quem é muito plano.
De quem finge que não têm neuras, medos, complexos. Aliás, de quem finge!
Aquilo que é trabalhoso é o que dá dignidade e não o que é fácil.
Se debruçar sobre a alma de alguém.Tentar entender sua magnitude é um ato de amor.
Sair de nós mesmos para, por um minuto, ser o filho, a mãe, o marido.
E compreender a beleza que habita naquela criatura complexa.
Meio doida, meio santa, muito humana.
O raso é o raso. Só.
O máximo que se consegue é encher um pouco com a chuva e secar no calor.

Quantos são os nomes de Deus? 72!
Sim, 72 faces de um mesmo Ser.
Um ser que está na chuva, no ar e no fogo. No início, no meio e no fim.
No exército e na paz, no pão, nas estrelas e na areia do deserto.
É complexo? Complicado?
Pois é...

26 setembro 2012

Doçura

UMA ÚNICA PALAVRA:
Inesquecível.


A tempestade que havia em mim passou.
Os vendavais, ondas revoltas e tudo o mais foi-se embora.
O que ficou?
Não, não foi a paz.
E sim um vazio imenso.
À espera de uma nova razão
Que mais uma vez tire tudo do lugar.
E reorganize de modo belo e desordeiro
O que sou incapaz de fazer sozinha.

25 setembro 2012

Das esperanças...


O que seria de mim se não fosse a espera?
Ela é quase que uma segunda pele, uma segunda natureza.
Que anda junto ao desespero, à urgência.
Um desespero que sempre sabe que terá que passar pelo purgatório da sala-de-espera.
Ou mais uma fila ou sabe-se lá o quê! Mas haverá!
No meio do caminho sempre haverá uma pedra.
Somos viajantes em um mundo em que não há estradas retas ou planas.
Há que se esperar o mau tempo passar. A boiada. As crianças saindo da escola.
Eu espero na urgência que sinto em prosseguir.
No gosto pela inércia dos fatos conhecidos.
Pelo desejo de mudar sem mudar.
De esperar sem desesperar.
De esperança em esperança, finjo que sobrevivo.
Finjo que tenho calma, que sou um poço de paz.
Apenas finjo...
Quem sabe assim o esperar se torna mais breve?

17 setembro 2012

Só se for agora


"Se você ama, diga que ama. Diga o seu conforto por saber que aquela vida e a sua vida se olham amorosamente e têm um lugar de encontro. Diga a sua gratidão. O seu contentamento. A festa que acontece em você toda vez que lembra que o outro existe. E se for muito difícil dizer com palavras, diga de outras maneiras que também possam ser ouvidas. Prepare surpresas. Borde delicadezas no tecido às vezes áspero das horas. Reinaugure gestos de companheirismo. Mas, não deixe para depois. Depois é um tempo sempre duvidoso. Depois é distante daqui. Depois é sei lá."