31 agosto 2011

Canteiros, Fagner





Quando penso em você
Fecho os olhos de saudade
Tenho tido muita coisa
Menos a felicidade
Correm os meus dedos longos
Em versos tristes que invento
Nem aquilo a que me entrego
Já me dá contentamento
Pode ser até manhã
Sendo claro, feito o dia
Mas nada do que me dizem me faz sentir alegria
Eu só queria ter do mato
Um gosto de framboesa
Pra correr entre os canteiros
E esconder minha tristeza
E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza ...
E deixemos de coisa, cuidemos da vida
Pois se não chega a morte
Ou coisa parecida
E nos arrasta moço
Sem ter visto a vida
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol
São as águas de março fechando o verão
É promessa de vida em nosso coração.

17 agosto 2011

O vestido


Este é o meu vestido de festa!
Tem as alças de pérolas
E um laço de cetim.
Tem as cores de todos os verões passados
Laranjas, Amarelos, tem Vermelhos.
Quando eu rodo,
Transparecem outras cores,
Tons de outonos e invernos.
É enviesado de amor.
Tem dobras de luz.
E pregas de raios de sol.
Tem também forro de neblina
E bainha de frio.
Ele não é curto
Nem é comprido demais.
Deixa-se ver bem a graça
Com que os anos me moldaram.
Eu o desfilo como faz uma menina de 7 anos
E me sento como faz uma grande dama.
Cruzo as pernas
Balanço os pés...
Coloco as mãos dobradas sobre o colo.
Volta e meia,
Ajeito as pérolas que insistem em cair num dos ombros.
Verifico o laço,
Está perfeito!
O único problema do meu vestido é o decote:
Tenho o peito vazio.