17 setembro 2013

A casa




 “Um conhecido meu, por sua incapacidade de combinar o sonho com a realização, terminou com sérios problemas financeiros. E pior: envolveu outras pessoas, prejudicando gente que não queria ferir.

   Sem poder pagar as dívidas que se acumulavam, chegou a pensar em suicídio. Caminhava por uma rua, certa tarde, quando viu uma casa em ruínas. “Aquele prédio alí sou eu”, pensou. Neste momento, sentiu um imenso desejo de reconstruir aquela casa. Descobriu o dono, ofereceu-se para fazer uma reforma – e foi atendido. Embora o proprietário não entendesse bem o que meu amigo ia ganhar com aquilo. Juntos, conseguiram tijolos, madeira, cimento. Meu amigo trabalhou com amor, sem saber para quê ou para quem. Mas sentia que sua vida pessoal ia melhorando à medida que a reforma avançava. No fim de um ano, a casa estava pronta. E seus problemas pessoais solucionados.” Chistina Belloni

17 fevereiro 2013

O que eu quero


O que eu quero?

Eu quero a sorte de um amor tranquilo,
Com sabor de fruta mordida.

Sim, Cazuza, como você!
Quero ter  lado certo na cama,
Travesseiros bordados com iniciais,
Filme escolhido junto no final de semana
E o tédio daquela pizza sem sabor de domingo à noite.
Quero acompanhar as fases, as transformações, os primeiros cabelos e barbas brancas.
Quero sentir a tristeza de perceber os primeiros esquecimentos, a dificuldade em levantar da cama.

Quero ser chamada de querida e me sentir amada.
Quero que note a flacidez da minha pele  e,  mesmo assim, continue a programar  férias na praia.
Quero exercitar a tolerância com as mesmas piadas e manias.
Quero seguir e ser seguida até o final.
Ou até o ponto do caminho no qual não é mais possível atravessar a dois.
E sentir a dor corroer a alma por ter que deixar ou ser deixada,
Mas morrer de alegria por saber do amor, da beleza, da amizade, do lar, da vida vivida e compartilhada.


11 janeiro 2013

Reza


É preciso rezar.
Rezar a vida,
Rezar os dias, o trabalho, rezar aqueles que amamos, rezar a casa,
Rezar as plantas, rezar os bichos.
Rezar a gente.
Vivemos de benzimentos,
De bem-dizer e  de abençoar.

Fazendo doce...


Lava,
Descasca,
Pica, rala...
Lava de novo.
Põe em fogo lento.
Mexe cuidadoramente para preservar as fibras.
Tudo na medida certa.
Mãos comedidas e exatas.
Deixa apurar.
Hora de queimar o açúcar.
O ponto de voar:
Retira a colher de pau, deixa o caramelo escorrer e assopra.
Se o caldo fizer um movimento gracioso no ar está pronto!
O doce precisa de descanso.
Precisa de tempo e paciência.
Precisa ser olhado, sentido, cheirado e muito tocado.
Vida de doceira é uma peleja contra a pressa, a preguiça e o relaxo.
Tudo é motivo para passar do ponto e perder todo o serviço.
E não é assim no amor?