20 fevereiro 2009

Coragem




"O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é
CORAGEM!"


João Guimarães Rosa

11 fevereiro 2009

Mochi [moti]



Sou passional. Exagerada!
O que fazer com 3/4 de sangue calabrés correndo pelas veias? Outro 0,5% de portugueses nervosos, bocas-sujas e corações de manteiga?
Talvez, na aparência, demonstre apenas meu 0,5% de sangue holandês: sorridente, amante das flores e das bikes. Também sou bem branca, rosada, macia e suave como um mochi [moti], aquele docinho de de arroz que vemos nas bandejas das lojas de alimentos no bairro da Liberdade.
Doce ilusão!
Sou pimenta brava. Cravo cru mastigado, canela mascada. Basta a tensão chegar, tensionar, apertar...
Não durmo com um desaforo engasgado.
Sapos não estão entre os meus pratos favoritos. E, também, porque cheguei numa idade que só como do que gosto.
Porém sou "facinha".
Facinha de amar, de ficar de bem, de arrancar um sorriso.
Igual criança chorona que se apascenta com um simples afago na cabeça. Cachorro vira-lata que late até quase se rasgar para no instante seguinte estar abanando o rabo.
Um tio, interessado em adquirir cidadania italiana, descobriu que pelo sobrenome do meu avô não receberia permissão, pois nossos antepassados constavam na lista de criminosos, os famosos mafiosos, daquele país. Então tentou pelo sobrenome da minha avó. Idem!
Talvez, tenha herdado dos meus antecessores algumas características bem peculiares, que não chegaram ao ponto de fazer de mim uma criminosa. Pelo menos não diretamente.
Mas, faço drama, ameaças, gesticulo além da conta e grito quando pressinto perigo. Perigo de perder as pessoas que amo, perigo de me tornar amarga, perigo de não ser feliz.
Ou, quem sabe, seja uma forma de esconder minhas fragilidades, de tentar disfarçar os meus medos, além da doçura e da moleza do coração?
Brigo pelo gosto de ficar de bem, pelo prazer dobrado que vem com a reconciliação.
Não aceito injustiças. Não coloco a cabeça no travesseiro sabendo que está ao meu alcance solucionar um problema, que para uma outra pessoa, seria difícil. Só suporto a minha dor. A alheia me é terrível demais. Por isso sou inquieta e briguenta.
Roubo para ser agarrada. Aponto a arma para que o relacionamento continue vivo. Para que eu mesma continue. Não sucumba diante da dureza da vida.
Admiro a moderação e a temperança! Mas desconfio de quem não ferve nunca. Me indigna a pessoa morna.Para mim é carne quente por cima disfarçando um coração estéril, aguado, sem um pingo de nutrientes. Um coração que não briga não faz crescer.
Sou da filosofia de que pedras que não entram em atrito formam limbo. E como tornam-se traiçoeiras e perigosas tais pessoas!