24 julho 2012

Reencontro



Dizem que os acontecimentos da vida são como as águas de um rio: nunca voltam. Eu cá tenho as minhas dúvidas.


A terra é redonda, por isso acredito que essa água pode voltar a passar pelo mesmo rio 2, 3, infinitas vezes. Em suas muitas formas de ser: água de chuva, vapor, água salgada, granizo, gelo... Ela voltará diferente, sem dúvida, e o rio também já não será mais o mesmo. Porém, mais dia menos dias se encontrarão. Todos fazemos parte de uma mesma trama, uma mesma colcha tecida por mãos sábias e oniscientes.


O que sinto é que a vida se dá, não em forma de círculos exatos que se sobrepõem. Como na escola: terminamos uma séria e logo outra se inicia. Mas nos esquecemos de que essas etapas são apenas ferramentas de organização da aprendizagem, como na vida. A cada etapa o grau de  dificuldade aumenta, afinal, estamos mais preparados. A vida irá nos testar em cada ponto. Afinal, só se pode seguir adiante, após ter aprendido bem aquela lição. Pois será a partir dela que iremos construir o próximo degrau. Aí temos mais claro o formado da vida, sua radiografia: uma bela escada em forma de espiral!


A alegria de ver a vida como espirais é que quando menos esperamos coisas, fatos ou pessoas que tínhamos como perdidos podem voltar! E como é bom sentir um perfume conhecido, uma voz conhecida, um sabor que pensávamos que jamais sentiríamos. E o que dizer, então, dos olhos de um amigo que marcou uma época, que nos acolhia com a sua presença, para quem eu era sempre uma boa surpresa no meio do caminho? Não dá para explicar! O reencontro fica com cara de milagre, de um presente!


Claro que como as águas do rio já não somos mais os mesmos, estamos transformados, moldados por tudo o que vivemos. Mas na essência somos as mesmas pessoas, o mesmo tom de voz, o mesmo perfume da pele, o mesmo modo de tocar e de olhar.


São situações raras, que deixa um rastro de magia, de presente que ressurge e que nos faz ter certeza de que o tempo não existe.Só o que existe é o contato, o estar com o outro. Estar em toda plenitude do termo. Quando nos esvaziamos de nós mesmos, baixamos a guarda e permitimos ser parte e não possuidores.