14 outubro 2012

Daquilo que depende de mim...só de mim


E fico pensando sobre até que ponto sou guiada pela esperança e até que ponto pela ilusão.
E percebo que nem é difícil saber.Basta que eu queira estar desperta. Basta que eu queira vencer as decepções.
É que quando elas se tornam muitas temos a falsa ideia de que não irão acontecer mais. E me esqueço que no Universo quando mais tenho de alguma coisa, mais isso me é dado. E o que tenho que fazer é olhar de frente e entender o por quê de fatos recorrentes, de assuntos que insistem em permanecer em pauta.Coisas que já deveriam ter morrido, desaparecido, virado pó!
A decepção passa  a fazer parte da nossa vida quando tiramos o foco de nós e depositamos no outro.
Quando achamos que o outro vai, no mínimo, fazer a parte dele. Vai ser fiel, leal, honesto...enfim tudo aquilo que não deveríamos esperar ou alimentar em ninguém que não seja em nós mesmos.

Kant nos dá uma pista:

O que eu sei? O que devo fazer? O que devo esperar? No entanto, as respostas para a segunda e terceira perguntas dependem da resposta para a primeira: nosso dever e nosso destino podem ser determinados somente depois de um profundo estudo do conhecimento sobre nós mesmos.

Ou seja, as perguntas, a atenção, o foco, devem estar direcionados a  mim e a ninguém mais: o que eu sei? O que devo fazer? O que posso fazer? Daí o que eu posso esperar! E mesmo assim é apenas uma possibilidade e nunca uma certeza. Pois há outras variantes que interferem no resultado.
Essa espera, resultado daquilo que EU faço, é a verdadeira esperança. Já a espera que vem  do outro, do que o outro pode ou irá fazer ou sentir, isso sim é a mais pura ilusão.

A verdadeira alegria vem quando aquilo que sonhamos, pensamos e achamos sobre nós, caminha junto que nossos atos, com aquilo que fazemos diariamente.É a mesma elegância e êxtase da dança: pensar-ouvir-fazer, tudo simultaneamente. Se der certo, ótimo. Se não, ótimo também!
Esta letra de Ivan Lins, De tudo o que eu sei, ilustra bem isso:

Daquilo que eu sei
Nem tudo me deu clareza
Nem tudo foi permitido
Nem tudo me deu certeza...

Não fechei os olhos
Não tapei os ouvidos
Cheirei, toquei, provei
Ah Eu usei todos os sentidos
Só não lavei as mãos
E é por isso que eu me sinto
Cada vez mais limpo! cada vez mais limpo! Cada vez mais limpo!

Desejo que possamos ter esperança real, palpável, e consequentemente, alegria sincera. Que possamos nos conhecer e só assim, nos aperfeiçoar e saber o que podemos esperar de nós, onde podemos chegar com nosso esforço. Só com o nosso.