19 outubro 2008

A maldição do dragão (antiga maldição na China)



Que você tenha comida até ficar farto todos os dias da sua vida.
E que viva muitos anos.
Que nunca lhe faltem nem a água nem a luz.
Que os atalhos sejam suaves enquanto caminhe.
Que os espinhos se afastem de seu lado.
Que seus inimigos o deixem passar sem atacar.
Que nenhuma dor o fira o flanco.
Que ninguém o machuque à traição.
Que ninguém o ofenda nem sequer com um gesto.
Que tenha tudo o que possa desejar;
por longos e longos anos.
Mas que lhe falte o amor.

Felizmente o Dragão às vezes nos benze:

Que as chuvas que molhem você sejam suaves e mornas.
Que o vento chegue cheio do perfume das flores.
Que os rios lhe sejam propícios e corram para o lado que você queira navegar.
Que as nuvens cubram o sol quando estiver sozinho no deserto.
Que os desertos se encham de árvores quando tiver que atravessá-los.
Que você encontre as plantas mágicas que guardam em sua raiz o remédio que lhe falta.
Que o frio e a neve cheguem quando você estiver em uma casa quente.
Que nunca lhe falte o fogo,
Que nunca lhe falte a água,
Que nunca lhe falte o amor.

Talvez o fogo se possa acender.
Talvez a água possa cair do céu.
Se lhe faltar amor, não há água nem fogo que sejam suficientes para continuar vivendo.


Gustavo Roldán